#EnsaiosDaAlma:
“Criança Desaparecida!”
- Procura-se –
“...Tudo
o que dorme é criança de novo.
Talvez
porque no sono não se possa fazer mal,
e
se não se dá conta da vida, o maior criminoso,
o
mais fechado egoísta, é sagrado, por uma magia
natural,
enquanto dorme. Entre matar quem
dorme
e matar uma criança não conheço
diferença
que se sinta...!”
Fernando
Pessoa.
José Carlos Bortoloti,
Jornalista, natural de Passo Fundo (RS) e residente em lugar incerto,
atualmente, neste estado gigante vem de público solicitar de todo o coração. Ajudem-me: Já solicite aos meus
amados amigos e herois do Brasil, Agentes da PF, fui a cartórios, e o que ainda
resta de alguma imprensa série de todo este pais. Necessito
encontrar esta criança: Este menino foi visto,
pela ultima vez, trajando calças curtas, tênis, camisa branca, e cabelo com “corte
cadete”. Levava junto a uma pequena sacola de pano a tiracolo, uma caixa de
lápis em cores, ganho de sua avó, que muito viajava.
Algumas testemunhas
verificadas até o momento, afirmam tê-lo visto galgando muros peçonhentos do
doloroso processo de crescer. Não há provas concretas, mas parece que este rumo
enveredado, o tenha conduzido a ambíguos caminhos do saber de fora, à custa do
saber de dentro. Depois de galgar uma vaga na área jornalística, e ter-se
contaminado com as artes de escrever e retirar da alma as palavras que lhe
saltam aos dedos, tornou-se fervoroso escritor. E não tem dia que não se lhe é
visto através de textos esparramados por todo este Brasil e, dizem, até no
exterior. É importante lhe
dizer que talvez este menino atenda pelos apelidos de Grandão, Zé... Quase um
estigma de ter a altura de descendentes italianos, de onde veio seu amado pai
que já está em outro lugar mais iluminado junto com sua mãe que lhe acompanhava
às cheias do rio próximo de sua casa no interior... Cuja mãe, que mesmo nunca tendo visto o mar,
dizia a este menino e seu irmão que o mar era parecido, assim grande, invadindo
as plantações, saindo de seu curso normal e tornava-se valente e de várias
cores.
Nas horas vagas, entre
os estudos, costumava fazer balanços em grandes galhos de Chorão, e atravessar
por cima de outro riacho rindo, gargalhando e gritando com todos os pulmões
mesmo ainda não conhecendo as histórias de Tarzan. Era sempre alegre e estava
sempre disposta a ir... Aprender...Andar... Sair do lugar... Certa vez sua mãe desesperada o
encontrou há muitos quilômetros de casa. Disse à mãe que iria
até a outra cidade fazer compras para ela, e buscar novos lápis em cores, pois
os ganhos de vovó já haviam terminado. Este espírito
aventureiro deve ter continuado por sua vida a fora...
É possível que hoje,
ande mais lentamente, devido a um acidente e lhe acompanhe uma bengala, destas
que os nobres ingleses usam. Ainda utiliza o mesmo sorriso constante do menino.
Mas sente muita falta dele. Na verdade, talvez já
tendo tido outro menino ou menina, esteja, quiçá, festejando com um possível
neto e relembrando a infância que ficou lá atrás. Para esclarecimento
melhor, seu único sinal particular fica a esquerda de seu nariz com uma pequena
manchinha e dois furinhos nas bochechas quando sorri. Não
utiliza barba para não confundir os que o procuram. Não que tenha sido
iluminado, dócil ou super-especial, mas é que dói demais no vazio que deixou.
Sei que muitas vezes fui ingrato e egoísta, inclusive foi visto certa vez
tramando coisas que o padre, que morava com seus pais, nunca aprovou. Mas não
eram pecados. Eram apenas artes bem feitas que o sacerdote punha-se a rir
desenfreadamente. Se for procurado,
portanto, é preciso que todos os que tenham influencia superior busquem
compreender nestas coisas simples do coração. Não entendam mal tanta
insistência que, em instâncias inferiores, já busquei recursos. Peço-lhes que
deem uma boa olhada nas bibliotecas, costumava se esconder entre pilhas de
livros e viajar para lugares distantes da terra através das leituras. Talvez esteja em locais que não sejam viáveis
para a maioria dos mortais. Afogado em algum riacho não é provável, amava a
água e estava sempre a boiar... Como se em sua imaginação, percorresse diversos
mares e fosse o próprio navio.
Nunca foi tímido. Na área
feminina já procurei. Não era frequentador ou corredor atrás de um rabo de
saia. Aliás, seus melhores amigos eram meninas... Sempre tinha algo a lhes
contar. Sei que estou dando
poucos detalhes, certamente deve haver outros mais interessantes ou não... Não
posso lhes dar um rumo mais definido, como foi esclarecido no início de meus
pedidos e isto lamento muito, na minha ânsia de encontra-lo. Ocorre que, como
já dito, há mais de 40 anos não é visto. Na certeza da
modernidade das comunicações, e no empenho de seres sempre partilhadores desta
generosidade agradeço antecipado, a consideração, o carinho e o empenho por uma
alma desgarrada e, muitas vezes, sem poder dormir de saudades.
Agradeço
a todos e colaboração.
Quem
achar a minha criança, por favor, mandem-me informações por e-mail, redes
sociais, por amigos de todo este Brasil.
Eu
sinto muita falta deste menino...
Muito
Obrigado!
Entendimentos & Compreensões
Transpirado da obra de Blaya Perez
Dos arquivos da Sala de Protheus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário