sábado, 12 de setembro de 2015


#EnsaiosDaAlma:

 

“Criança Desaparecida!”
- Procura-se –


“...Tudo o que dorme é criança de novo.
Talvez porque no sono não se possa fazer mal,
e se não se dá conta da vida, o maior criminoso,
o mais fechado egoísta, é sagrado, por uma magia
natural, enquanto dorme. Entre matar quem
dorme e matar uma criança não conheço
diferença que se sinta...!”

 Fernando Pessoa.

                          José Carlos Bortoloti, Jornalista, natural de Passo Fundo (RS) e residente em lugar incerto, atualmente, neste estado gigante vem de público solicitar de todo o coração.  Ajudem-me:  Já solicite aos meus amados amigos e herois do Brasil, Agentes da PF, fui a cartórios, e o que ainda resta de alguma imprensa série de todo este pais. Necessito encontrar esta criança: Este menino foi visto, pela ultima vez, trajando calças curtas, tênis, camisa branca, e cabelo com “corte cadete”. Levava junto a uma pequena sacola de pano a tiracolo, uma caixa de lápis em cores, ganho de sua avó, que muito viajava.


                      Algumas testemunhas verificadas até o momento, afirmam tê-lo visto galgando muros peçonhentos do doloroso processo de crescer. Não há provas concretas, mas parece que este rumo enveredado, o tenha conduzido a ambíguos caminhos do saber de fora, à custa do saber de dentro. Depois de galgar uma vaga na área jornalística, e ter-se contaminado com as artes de escrever e retirar da alma as palavras que lhe saltam aos dedos, tornou-se fervoroso escritor. E não tem dia que não se lhe é visto através de textos esparramados por todo este Brasil e, dizem, até no exterior. É importante lhe dizer que talvez este menino atenda pelos apelidos de Grandão, Zé... Quase um estigma de ter a altura de descendentes italianos, de onde veio seu amado pai que já está em outro lugar mais iluminado junto com sua mãe que lhe acompanhava às cheias do rio próximo de sua casa no interior...  Cuja mãe, que mesmo nunca tendo visto o mar, dizia a este menino e seu irmão que o mar era parecido, assim grande, invadindo as plantações, saindo de seu curso normal e tornava-se valente e de várias cores.


                       Nas horas vagas, entre os estudos, costumava fazer balanços em grandes galhos de Chorão, e atravessar por cima de outro riacho rindo, gargalhando e gritando com todos os pulmões mesmo ainda não conhecendo as histórias de Tarzan. Era sempre alegre e estava sempre disposta a ir... Aprender...Andar... Sair do lugar... Certa vez sua mãe desesperada o encontrou há muitos quilômetros de casa. Disse à mãe que iria até a outra cidade fazer compras para ela, e buscar novos lápis em cores, pois os ganhos de vovó já haviam terminado. Este espírito aventureiro deve ter continuado por sua vida a fora...


                          É possível que hoje, ande mais lentamente, devido a um acidente e lhe acompanhe uma bengala, destas que os nobres ingleses usam. Ainda utiliza o mesmo sorriso constante do menino. Mas sente muita falta dele. Na verdade, talvez já tendo tido outro menino ou menina, esteja, quiçá, festejando com um possível neto e relembrando a infância que ficou lá atrás. Para esclarecimento melhor, seu único sinal particular fica a esquerda de seu nariz com uma pequena manchinha e dois furinhos nas bochechas quando sorri. Não utiliza barba para não confundir os que o procuram. Não que tenha sido iluminado, dócil ou super-especial, mas é que dói demais no vazio que deixou. Sei que muitas vezes fui ingrato e egoísta, inclusive foi visto certa vez tramando coisas que o padre, que morava com seus pais, nunca aprovou. Mas não eram pecados. Eram apenas artes bem feitas que o sacerdote punha-se a rir desenfreadamente. Se for procurado, portanto, é preciso que todos os que tenham influencia superior busquem compreender nestas coisas simples do coração. Não entendam mal tanta insistência que, em instâncias inferiores, já busquei recursos. Peço-lhes que deem uma boa olhada nas bibliotecas, costumava se esconder entre pilhas de livros e viajar para lugares distantes da terra através das leituras.  Talvez esteja em locais que não sejam viáveis para a maioria dos mortais. Afogado em algum riacho não é provável, amava a água e estava sempre a boiar... Como se em sua imaginação, percorresse diversos mares e fosse o próprio navio.


                      Nunca foi tímido. Na área feminina já procurei. Não era frequentador ou corredor atrás de um rabo de saia. Aliás, seus melhores amigos eram meninas... Sempre tinha algo a lhes contar.  Sei que estou dando poucos detalhes, certamente deve haver outros mais interessantes ou não... Não posso lhes dar um rumo mais definido, como foi esclarecido no início de meus pedidos e isto lamento muito, na minha ânsia de encontra-lo. Ocorre que, como já dito, há mais de 40 anos não é visto. Na certeza da modernidade das comunicações, e no empenho de seres sempre partilhadores desta generosidade agradeço antecipado, a consideração, o carinho e o empenho por uma alma desgarrada e, muitas vezes, sem poder dormir de saudades.

 Agradeço a todos e colaboração.

Quem achar a minha criança, por favor, mandem-me informações por e-mail, redes sociais, por amigos de todo este Brasil.

Eu sinto muita falta deste menino...
Muito Obrigado!

 

 

Entendimentos & Compreensões
Transpirado da obra de Blaya Perez
Dos arquivos da Sala de Protheus.

 

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