#SerieAnalise:
"Vambora Andá ...!"
"...Vamborandá que a terra já secou, borandá
É borandá, que a chuva não chegou, borandá
Já fiz mais de mil promessas
Rezei tanta oração
Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não...!"
Edu Lobo - Borandá
Cada tempo com sua forma de luta. Era assim
que em 1966 empunhávamos o talento de Edu Lobo, Nara Leão, Zé Kéti, Capinam,
Ruy Guerra, Sérgio Ricardo, Marcos Valle, Caetano Veloso, Chico Buarque,
Gilberto Gil e tantos outros para cantar através da “Nova MPB” a nossa
percepção e através dela pensar numa nova realidade para o “nosso Brasil” de
então.
Não era mais o “Brasil da bossa nova”
cantando o amor, o sorriso e a flor, a garota de Ipanema, o Corcovado do
Redentor, que lindo ou a chegada triunfal ao Galeão do amado Rio, nascido no Governo
lá da segunda metade dos anos 50, que nos dava uma nova capital e prometia
fazer acontecer 50 anos em 5 de Juscelino, o Presidente Bossa Nova. Ainda assim
era somente a “voz da Zona Sul” manifesta.
Mais distantes ainda estavam os últimos Anos
Vargas de Emilinha Borba, Marlene, Francisco Alves, Orlando Silva, Nora Ney,
Carmen Miranda, Jackson do Pandeiro e Elizete Cardoso, que cantavam as “dores
da fossa”. A julgar pelas músicas de então, Risque, João Valentão, Serenata do
Adeus, Xote das Meninas, o único problema brasileiro mais sério era a “dor de corno”.
Mas, se fuçarmos um pouco mais lá atrás durante o Estado Novo e toda a Ditadura
Vargas, não vamos encontrar nenhuma crítica social e política, mas sim muito de
uma linha ufanista do “meu Brasil, brasileiro” por encomenda do “ditador empoleirado”.
O que provocou essa mudança tão radical na
consciência social e política da juventude em menos de 30 anos? Posso falar em
testemunho pelo “meu tempo”, pois foi nessa época, que no segundo grau e nos
cursinhos preparatórios dos vestibulares tornou-se obrigatória a leitura dos
“clássicos brasileiros”, como Graciliano Ramos, Vianna Moog, Josué de Castro,
Guimarães Rosa e Euclides da Cunha, que escreviam sobre temas sociais
principalmente sobre o “longínquo hinterland” brasileiro, além de Machado de
Assis, José de Alencar e outros.
Do que a “sociedade brasileira” vem fugindo
ao longo da sua história, principalmente considerando-se um processo de
demérito das nossas melhores cabeças pensantes cada uma em seu tempo?
Estamos numa "entressafra crítica" de
pensadores e pensamentos e cada qual contando a História do Brasil, que me
melhor lhe serve. É esse o legado que vamos deixar aos futuros brasileiros?
Vambora
andá,
brasileiros!
Das Análises &
Entendimentos
Antônio Figueiredo
Cronista &
Escritor
São Paulo - SP –
Exclusivo para a
Sala de Protheus
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