A Viúva e os Órfãos...!
Ovo e uva boa!
Pregão de Feirante
No
anedotário militar da primeira metade do século passado há uma referência, que
era frequentemente lembrada pelo general Ernesto Geisel durante seu governo,
sobre a “viúva”, expressão que é utilizada
largamente até os dias de hoje. “É a Viúva
de Caxias", referindo-se à Pátria Mãe e se pode supor que a expressão
nasceu quando alguém lhe perguntou:
"E quem paga?". Isto só vem demonstrar a “premissa
falsa” sobre a qual se apoia a Democracia Brasileira, regime que
conceitualmente é “do povo, para o povo e
pelo povo”, ao desvaler o “povo
brasileiro” nesta equação, reduzindo-o à mera condição de ”órfão contribuinte arrimo de viúva”. Na
verdade, ela jamais foi viúva, posto que a cada 4 anos se “casa” com um novo pretendente, que nós os órfãos elegemos, achando
que nos seria o melhor dos “bondrastos”,
ainda que uma grande parcela de brasileiros, verdadeiros “filhos bastardos sociais”, viva da esperança da sua adoção por um “pai dos pobres”, mas que ao final se
revela igualmente “cafetão”,
escorchando-nos os bolsos seguindo os “bons
ensinamentos colonialistas” do “extrativismo
tributário”.
Um
povo dominado pela preocupação constante da caça ao “leão de cada dia” não se organiza politicamente, pois o “eu sobrevivente” é mais importante que
o “nós cidadania” e desta maneira os “cafetões da Pátria Mãe” não precisam
mais de se articular nos “escuros porões
do Poder”. Hoje podem e o fazem ao “sol
do meio dia” nas suas reuniões do Congresso Nacional e demais Câmaras,
Judiciário e todas as instâncias do Executivo. Os conceitos básicos de que uma
República é composta de Três Poderes “independentes
entre si” e de que “todos são iguais
perante a lei”, no Brasil é interpretado por eles como “poderes independentes
do Povo” e que “igual é o povo entre si”,
como o comprova o Sistema de Previdência. Um Congressista pode se aposentar
proporcionalmente, desde que tenha cumprido 2 mandatos, a razão de 1/35 por ano
de mandato, ou seja, R$ 7.700,00 após 8 anos de mandato, o que corresponde a
quase o dobro do teto máximo do INSS para o “vil
povão”. Um funcionário público civil ou militar aposenta-se com vencimentos
integrais, assim como um “juiz corrupto” é
afastado a “bem do serviço público”,
mas ainda recebendo vencimentos integrais... Do público. A mesma regra vale
para políticos corruptos executivos ou legislativos.
E
assim lá se vão 50% dos recursos da Previdência para 28% de segurados. Na
Reforma Política em curso na Câmara Federal aprovou-se em 1º turno um
interstício de 30 dias para que parlamentares mudem de partido sem a perda de
mandato e sem que os partidos renunciados percam o Fundo Partidário
correspondente a esse parlamentar e, evidentemente, com o novo partido
recebendo pela nova aquisição. Até a inflação que reajusta os “vencimentos deles” é diferente da que
reajusta os acordos coletivos laborais, o salário mínimo e as aposentadorias da
Previdência Social. Isso significa em termos de Teoria Econômica, que quem “gera a riqueza”, (ou já gerou, contribuindo
para o engrandecimento da Nação), vale muito menos do que quem só “gera gastos”. Como dizia um mochileiro
inglês, que foi meu professor particular de inglês lá por 1977: “It’s incredible !!! Nobody complains”. (É
incrível, ninguém reclama). Lembro-me de protestar de imediato, “por essa intromissão em assuntos
estrangeiros”, do gringo mochileiro, ilegal, via Acre. Reclama-se sim. De
pênaltis não marcados. De gols marcados em impedimento e até mesmo contra
dirigentes de clubes adversários, que põem em dúvida a honestidade da conquista
de um título pelo nosso time de futebol do coração. O que mudou desde então? Pouco...
Absolutamente muito pouco... Bem, isso em termos de “povo reclamando”, o que é muito recente a partir de junho de 2013.
Já no comportamento dos políticos muita coisa mudou e para pior nos últimos 30
anos, principalmente pelo reforço da parte deles na manutenção da República
Corporativista do Brasil, já que a partir da Constituinte formou-se o “Centrão” e de lá para cá as Bancadas
Ruralista, Evangélica, da Bola e a da Bala. O que o brasileiro ainda não
aprendeu e entendeu é que um princípio básico da Democracia é que a sua
representatividade se dá através das Câmaras Legislativas, responsáveis em
fazer as leis sob as quais o Poder Executivo
“conduzirá a Nação” e que o Judiciário
“julgará a todos”. Ainda conservamos 200 anos depois um “conceito imperial” do Poder Executivo,
que legisla e indica os juízes e desta maneira cuida mais dos seus “jogos de poder”, do que do “interesse do povo”.
Engalfinham-se
hoje nas “redes sociais virtuais” os
milhões de “órfãos da viúva”,
manifestando-se pró e contra, mas que não representam a “malha social real”, composta na imensa maioria da população pelos
“filhos bastardos da Democracia”, sem vez e voz. Para eles a viúva não é mãe e
nem madrasta, mas simplesmente a “mulher
rica”, com anéis de ouro nos dedos, que vez por outra lhes atira um “níquel”, como “esmola social”. A verdadeira “inclusão
social”, que hoje é feita sob um “discurso
rancoroso” da diferença econômica, só será realizada quando todos os
cidadãos tiverem a noção exata dos seus direitos básicos constitucionais,
inclusive os da representatividade e isso implica em que todos os níveis
econômicos e sociais se façam representar em um parlamento realmente
democratizado. A verdadeira inclusão social é um processo integrado pelas ações
relativas à prestação de serviços de saúde, educação, segurança e transporte,
segundo as necessidades essenciais de cada segmento social sejam no centro ou
na periferia das metrópoles ou grandes áreas rurais, que devem estar
representadas, não por “caixeiros
viajantes políticos”, mas por “vozes
locais”. A despeito do alarme dado por Dom João VI em sua partida para
Lisboa, foram muitos os “aventureiros a
lançar mão da coroa imperial” no Brasil do último século, até o ponto de
chegarmos aos tempos de “escândalos
políticos” jamais imaginados em uma Democracia e quiçá até mesmo nos
regimes ditatoriais mais fechados.
Somente
no dia em que a voz da “malha social
real” for ouvida e respeitada poderemos dizer que finalmente “já raiou a liberdade no horizonte do
Brasil”. Queremos e precisamos do BRASIL
PÁTRIA INCLUSIVA sem viúva e sem filhos bastardos, mas com todos “herdeiros legítimos” de uma Mãe Rica e
Generosa.
Entendimentos
& Compreensões
De Antônio
Figueiredo
Cronista
e Escritor
São Paulo – SP -
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