A Mestra em Língua Portuguesa Brasilesa
e
Literatura a Mineira Claudia Carvalho
É a convidada da Sala Protheus
O Que Houve Com As Cores?
“...Tive febres de todas
as cores me arderam todos os amores, rasguei seda, comi flores fiz das tripas coração quase que aperto o botão do juízo final você já veio...!”.
Alice Ruiz
Sempre acreditei
no poder e na influência das cores na nossa psique, na
forma como percebemos o mundo. Sendo assim, os efeitos, atribuições e
associação das cores no ser humano tem me instigado! Existem inúmeros estudos,
sobre o efeito das cores, e qual a melhor cor quando se pretende determinado
comportamento. Hoje, no entanto vou falar de uma amiga fictícia, na qual as
cores faziam ou traziam sempre sensações opostas ao esperado!
A cor azul, por exemplo, é considerada a cor da simpatia, da
harmonia, da amizade e da confiança. Associada também á fidelidade, à grandeza,
à vastidão e eternidade. Considerada pelos artistas uma cor fria, associada ao
espiritual. No entanto, minha amiga da qual falei, sempre sentia nos finais de tarde, não
uma dor preta, considerada por muitos
uma cor, associada ao fim, à dor. À semelhança do vermelho, associado ao ódio.
Cor da maldade, do azar. Minha amiga sentia uma dor azul. Azul profundo, azul
escuro Não era uma dor forte o bastante, que
pudesse ser aliviada através de um triste pranto.
Era só uma pontadinha, uma fisgada no
peito. Ela dizia: Ai que dor azul. Azul escuro como céu ao escurecer. As
pessoas em sua volta, a achavam meio doida: - Imagina: dor nem tem cor!
Mas
aquilo era constante, a tal da dor azul não passava e parecia se tornar cada
vez mais aguda. Daí as pessoas começaram a achar que a dor era mesmo real. Ela
foi a vários especialistas: Psicólogos, Cardiologistas, Psiquiatras, Psicanalistas,
Cromoterapêutas e nada. Ninguém sabia o que era aquilo. Cada um dava um
conselho diferente, receitas diferentes, terapias alternativas, pais de santo,
simpatias e nada! A dor não arredava pé. Continuava lá. Às vezes ia e voltava
sempre no mesmo horário.
Semanas,
meses, se passaram e o azulão da dor de minha amiga fictícia, continuava
colorindo seus fins de tarde. Pela manhã, ela sentia uma saudade cor de rosa. E
à noite um desejo dourado que ela nem ao menos sabia dizer do quê!
Certo
dia, a jovem mulher conheceu um homem, ainda moço, em pleno vigor, físico e
mental. Ele lhe confidenciou que sentia uma vontade lilás de espirrar em manhãs
cinzentas. Eles se gostaram, um gostar da cor de salmão que foi se
transformando em uma vermelha paixão. Eles se casaram numa noite prateada de
alegria, cheia de luzes multicoloridas de amor e felicidade. O casal teve uma
bela filha, que como já podemos supor, tinha a mesma mania de cores. Ela herdou
a vontade lilás de espirrar do pai e o desejo dourado da mãe.
A menina
cresceu e resolveu olhar em um livro que trazia o significado das cores:
AMARELO: É considerada a cor mais
contraditória, visto estar associada ao otimismo, mas também ao nojo, à mentira
e à inveja. Associada ao entendimento, mas também aos desprezíveis e aos
traidores.
VERDE: Associada à fertilidade, à
natureza, à esperança, ao tranquilizante, à falta de juventude, á imaturidade e
ao venenoso. Simboliza a cor do útil e da burguesia.
BRANCO: Branco é considerado uma
mistura de todas as outras cores. Associado ao começo e Ressurreição, à
perfeição, ao início e à unicidade. Cor da pureza, inocência, esterilidade e
honestidade.
Lá pelas
tantas em sua pesquisa a menina enfim descobriu o azul escuro. Ela viu que um dos
significados da cor azul era desassossego. Então era isso que tanto atormentava
sua mãe? O tal desassossego! Que em outras palavras, se traduziria em:
- O que será do amanhã?
Tens a resposta?
Entendimentos & Compreensões
Dos pensamentos de minha amiga
Cláudia Ezídgia de
Carvalho - Minas Gerais -
Licenciatura em Língua
Portuguesa Brasilesa
Universidade Federal de Ouro Preto
Mestrado em Literatura
Comparada
Unicamp - SP
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