sexta-feira, 14 de março de 2014

A  Mestra em Língua Portuguesa Brasilesa
e Literatura a Mineira Claudia Carvalho
 É a convidada da Sala Protheus




O Que Houve Com As Cores?



 “...Tive febres de todas as cores me arderam todos os amores, rasguei seda, comi flores fiz das tripas coração quase que aperto o botão do juízo final você já veio...!”.
 Alice Ruiz



Sempre acreditei no poder e na influência das cores na nossa psique, na forma como percebemos o mundo. Sendo assim, os efeitos, atribuições e associação das cores no ser humano tem me instigado! Existem inúmeros estudos, sobre o efeito das cores, e qual a melhor cor quando se pretende determinado comportamento. Hoje, no entanto vou falar de uma amiga fictícia, na qual as cores faziam ou traziam sempre sensações opostas ao esperado!

A cor azul, por exemplo, é considerada a cor da simpatia, da harmonia, da amizade e da confiança. Associada também á fidelidade, à grandeza, à vastidão e eternidade. Considerada pelos artistas uma cor fria, associada ao espiritual. No entanto, minha amiga da qual  falei, sempre sentia nos finais de tarde, não uma dor preta, considerada por muitos uma cor, associada ao fim, à dor. À semelhança do vermelho, associado ao ódio. Cor da maldade, do azar. Minha amiga sentia uma dor azul. Azul profundo, azul escuro Não era uma dor forte o bastante, que pudesse ser aliviada através de um triste pranto.
Era só uma pontadinha, uma fisgada no peito. Ela dizia: Ai que dor azul. Azul escuro como céu ao escurecer. As pessoas em sua volta, a achavam meio doida: - Imagina: dor nem tem cor!

Mas aquilo era constante, a tal da dor azul não passava e parecia se tornar cada vez mais aguda. Daí as pessoas começaram a achar que a dor era mesmo real. Ela foi a vários especialistas: Psicólogos, Cardiologistas, Psiquiatras, Psicanalistas, Cromoterapêutas e nada. Ninguém sabia o que era aquilo. Cada um dava um conselho diferente, receitas diferentes, terapias alternativas, pais de santo, simpatias e nada! A dor não arredava pé. Continuava lá. Às vezes ia e voltava sempre no mesmo horário.

Semanas, meses, se passaram e o azulão da dor de minha amiga fictícia, continuava colorindo seus fins de tarde. Pela manhã, ela sentia uma saudade cor de rosa. E à noite um desejo dourado que ela nem ao menos sabia dizer do quê!

Certo dia, a jovem mulher conheceu um homem, ainda moço, em pleno vigor, físico e mental. Ele lhe confidenciou que sentia uma vontade lilás de espirrar em manhãs cinzentas. Eles se gostaram, um gostar da cor de salmão que foi se transformando em uma vermelha paixão. Eles se casaram numa noite prateada de alegria, cheia de luzes multicoloridas de amor e felicidade. O casal teve uma bela filha, que como já podemos supor, tinha a mesma mania de cores. Ela herdou a vontade lilás de espirrar do pai e o desejo dourado da mãe.

A menina cresceu e resolveu olhar em um livro que trazia o significado das cores:



AMARELO: É considerada a cor mais contraditória, visto estar associada ao otimismo, mas também ao nojo, à mentira e à inveja. Associada ao entendimento, mas também aos desprezíveis e aos traidores.

VERDE: Associada à fertilidade, à natureza, à esperança, ao tranquilizante, à falta de juventude, á imaturidade e ao venenoso. Simboliza a cor do útil e da burguesia.

BRANCO: Branco é considerado uma mistura de todas as outras cores. Associado ao começo e Ressurreição, à perfeição, ao início e à unicidade. Cor da pureza, inocência, esterilidade e honestidade.

Lá pelas tantas em sua pesquisa a menina enfim descobriu o azul escuro. Ela viu que um dos significados da cor azul era desassossego. Então era isso que tanto atormentava sua mãe? O tal desassossego! Que em outras palavras, se traduziria em:

 - O que será do amanhã?

Tens a resposta?



Entendimentos & Compreensões
Dos pensamentos de minha amiga
Cláudia Ezídgia de Carvalho  - Minas Gerais -
Licenciatura em Língua Portuguesa Brasilesa
 Universidade Federal de Ouro Preto
Mestrado em Literatura Comparada
Unicamp - SP




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