A Mestra em Língua
Portuguesa Brasilesa
e Mineira Claudia
Carvalho – É a convidada
da Sala Protheus
Descaminhos
da Providência!
“...Quando
houver desacertos nas relações,
faça um
diálogo, uma ponte para transpor
os
descaminhos. Entenda que ceder não é fraquejar;
e agredir
não é fortalecer-se. A tolerância mútua
é o principio que norteia a boa
convivência...!”
Inácio Dantas
Em
um extremo da cidade, um jovem músico treina seus acordes. No outro extremo, uma jovem escritora, traduz um
livro de romance trágico. No íntimo de cada um, uma certeza: Um dia, glorioso
dia, os uniria em uma linda, súbita e mítica paixão.
Tal
intuição era bela e vinha na forma do pensamento que trazia a certeza de que
algo de bom iria enfim acontecer. Porém ainda mais instigante de que essa
certeza era a incerteza, a aventura do desconhecido.
Naquele
ano, o inverno parecia extraordinariamente mais frio, para a nossa jovem
escritora, com seus arroubos românticos e sentimentais. O céu, sempre cinza,
sem raio de sol algum, causava-lhe uma inexplicável angústia, a ponto de sentir
vontade de chorar ao caminhar pelas ruas.
Mas
o que ainda não contei é que por uma grande ironia, ou capricho do destino, apenas
uma parede de apartamento separava aquelas dois corações prontos para receber o
amor. Ambos, cada um no seu canto, com seus sonhos. Eles não se conheciam
Seus
caminhos nunca se cruzavam. Se ela andava para direita, ele ia pela esquerda.
Um sempre na contramão do outro. Sol encoberto por passageiras nuvens e nada,
os dois não se encontravam.
Financeiramente
as coisas não iam nada bem para nosso jovem músico. Então, vez ou outra ele
tocava seu violino em algum lugar bem frequentado para ganhar um extra! Este,
quando não estava praticando em seu violino, passeava pelos parques, pelas
ruas, observava as pessoas, acariciava a cabeça de algum cão vira-latas. Às
vezes ele se sentia vazio e sem forças.
A
vaga sensação de melancolia tomava o coração das pessoas na tarde cinzenta. E
ambos trilhavam seus caminhos sempre em lados opostos! Às vezes observavam as
mesmas pessoas, acariciavam o mesmo vira-lata. Eles também tinham o costumar de
jogar milho aos pombos! Os mesmos pombos! Porém sem se notar! Eles são como a
maior parte das pessoas nas grandes cidades que não se conhecem! E apenas uma
parede de apartamento os separava.
Mas
existem acasos tristes e acasos felizes nessa vida! E naquela tarde de fim de
semana, por providência divina, diriam alguns, ou simples coincidência, diriam
outros menos românticos, duas linhas paralelas, podem enfim se cruzar.
O
dia de glória chegara para ambos. Passeavam no mesmo parque sem nunca se
encontrar, mas, naquele dia, naquele inesquecível e lindo dia, eles se
encontraram na fonte dos desejos! Ambos pediam a mesma coisa que já podemos
imaginar. A atração e afinidade entre os jovens foram fortes e recíprocas. Os
dois se olham e naquele instante o sol brilhou para o jovem casal. Ao se
olharem foi como se se reconhecessem de algum lugar, parecia que se conheciam a
anos, a séculos, a vidas!
Eles
passam uma tarde doce e feliz. Suas almas eram com de duas crianças bailando em
ciranda de roda. Roda da felicidade, roda do amor, roda da fortuna, roda da
providência. No entanto, os dois novamente se perdem. Meses se passam e ele
chega ela sai, ela vai, ele vem nunca se encontram!
Os
dias ficam cinza em pleno verão, mas queria os céus que aquelas almas se
unissem para sempre e vivessem aquele amor latente a gerações e mais gerações.
Parecia tudo perdido quando, a cidade passa por uma reforma.
Bendita
reforma.
Casas
e terrenos, apartamentos são desapropriados! Outros apenas passaram por
ligeiras reformas. E foi numa só marretada, quando uma brecha se abre na parede
de apartamento que os separava, que ambos veem através do buraco que se fez, a face da felicidade!
Às
vezes o que parece longe está ao nosso lado. Os sinais são sublimes.
O
amor é sublime.
Portanto
Ame... Muito!
Entendimentos
& Compreensões
Dos
pensamentos de minha amiga
Cláudia Ezídgia de Carvalho - Minas Gerais -
Licenciatura em Língua Portuguesa Brasilesa
Universidade
Federal de Ouro Preto
Mestrado em Literatura Comparada
Unicamp – SP
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