"PERFIL DE UM PICARETA DE LUXO"
“... Todos os
caracteres nobres não adquirem,
sem doloroso
aprendizado, a desconsoladora
ciência que se
chama ceticismo. Cada ilusão
que se
desvanece é um golpe fundo no mais
sensível da
alma, e os conflitos da vida social
deixam feridas
que só lentamente cicatrizam...!”
Júlio
Dinis
É interessante, aliás, muitíssimo interessante, verificar as ambiguidades
da vida, principalmente, aquelas relacionadas a indivíduos, ou quem sabe
pode-se ter a pretensão de chamá-los de subespécies, das quais geralmente
patrocinamos, para que estejam no meio social, no nosso convívio. Muitas vezes
parece que os povos necessitam destes "tipos"
escorregadios, covardes e consequentemente “diferentes”, para que "todos" possam ser considerados "normais".
Até por que, o grande Aristóteles, tem uma maneira eficaz de colocar a
ambiguidade; diz ele: "Muitas vezes
a ambigüidade também se insinua sem ser notado nas próprias definições, motivo
pelo qual cumpre também examinar estas". Diz ele mais: "Que é de índole manifestar que espécie
de estado social prevalece".
Mas vejam todos como é fácil definir um perfil para o picareta de luxo,
ou comumente chamado de “ladrão de
casaca”: ele aos poucos vai infiltrando-se entre os "homens de bem", entre aqueles da chamada classe
privilegiada, entre os de maiores posses. Consegue-lhe a amizade, a penetração
em seus meios, e até no de muitas famílias.
Usa a sua própria família, para mostrar a dignidade que todos os "Homens de bem" tem, ou
pretendem ter. Frequenta os lugares onde estas classes frequentam. Faz os
filhos participarem dos grandes acontecimentos sociais, se conseguir, ainda,
manda seus filhos, junto aos outros filhos, de preferência de nobres famílias
para viagens ao exterior. Afinal, isto gera “status”,
gera "coluna social", que
por sua vez gera publicidade gratuita. Ajuda a autopromoção, quase que sempre
planejada.
Mora nos melhores bairros, em boas residências. Adquire casas de lazer,
onde esta "elite" frequenta.
Patrocinam festas, e refeições, geralmente, regadas a lagosta e bons vinhos, de
preferência importados. Tudo no melhor "finesse".
Andam de carro do ano, de preferência os mais caros, geralmente
importado. Afinal, além do “status-quo”,
melhora a acepção da imagem, já programada, entre estas classes sociais.
Geralmente é “especialista” -
ou faz parecer como tal - em uma área
específica, pode ser a agricultura, pode
ser serviços, ou distribuição de bens. Frequenta clubes sociais e de serviços,
e de preferência todas as entidades que os "amigos"
frequentam. Vai à igreja ou templo, como todo "bom cristão", deixa gordas "contribuições" na caixinha, recebendo as bênçãos dos
céus por tanta generosidade.
Os filhos frequentam os melhores colégios, de preferência, os
particulares, aqueles bem caros, isto, ainda, gera “status”, principalmente no interior. Vez por outra até participa
de reuniões de Pais e Mestres, mostrando um interesse fora do comum por tudo.
Pronto. Esta feito. Esta construída uma imagem intocável. Foi
considerado um projeto de imagem muitíssimo bem articulado, vendido e comprado,
por "quase" todos. Suas
opiniões, nunca são contra ninguém. Somente esta contra o governo, se seus "amigos" estiverem.
Somente fala de algum grande político, baixinho, isto se alguém de seus
"amigos" estiver muito
bravo com a administração, caso contrario, considera como tudo, o melhor que se
tem.
Fica, às vezes, dias trancado em casa lendo "Maquiavelli, Gramsci”, ou ainda vendo filmes no vídeo, do
tipo como: "Como enganar alguém em
24 horas", mas nunca, sem antes, publicar, e avisar todo mundo que
esteve 2 ou 3 dias "à negócios"
em São Paulo, Brasília, Nova Iorque ou Londres. E todo mundo acredita, não sem
antes tecer-lhes créditos, imensuráveis, sobre sua grande conduta.
Torna-se, portanto, a pessoa do meio social, inatacável, um exemplo de
indivíduo que todos deveriam ser. Exemplo de onde um homem pode chegar, para
que todos fiquem contentes ao máximo.
Até porque como afirmava Maquiavelli:
“... São tão simples os homens e obedecem às necessidades presentes, que quem
engana encontrará sempre alguém que deixa enganar...!”
Depois de tudo isso, dá um bom golpe, de preferência em dólares, e,
bem, some.
Isto mesmo, simplesmente some.
Tchau... Adeus... Ou como, obviamente, preferirem.
Como eles são óbvios, não é mesmo?
A proposito: Conhece alguém assim próximo de você?
Pensar não dói... Já ser enganado, ludibriado.......
Dos
Entendimentos & Compreensões
Observações
do Cotidiano Brasilês
Publicado no sitio do Grupo Kasal - Vitória - ES -
www.konvenios.com.br/articulistas
Jornais do RS,SC e PR.
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