O Baile da “Ilha Fiscal!”
“... Quando os que comandam perdem a vergonha,
os que obedecem perdem o respeito...!”
Georg. Cl. Lichtember
Parece que o mês de
novembro tem uma fascinação especial para os “finais de festa”. Em 1889, seis dias antes da Proclamação da
República, realizou-se o Baile da Ilha Fiscal, cercada de água por todos os
lados e no caso do Império, também por cima. Agora, neste 2015, realiza-se o “Baile da Reforma Fiscal”, bem longe das
poluídas águas da Guanabara, que pretende fazer o Governo Dilma respirar por
debaixo de muita lama, fazendo até parecer que a “explosão das barragens da Samarco” em Minas Gerais subiram para o
Planalto Central.
Neste “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, desde o
descobrimento, instalou-se um “conceito
extrativista” sobre a bonança de bens e recursos e era assim que as “coortes portuguesas” decidiam a
tributação da Colônia. Quem muito tem, muito deve contribuir. Em retorno? Nada
e para que? Quem tem muito, muito mais pode conseguir.
É assim que sempre se
praticaram Orçamentos no Brasil. O principal é suprir as “necessidades do Estado”, prioritariamente. Aos cidadãos as sobras,
se houverem. Isso significa, que primeiro se calculam as “despesas” e depois as “receitas”.
Caso ainda falte dinheiro toma-se emprestado. Nos últimos 20 anos a Arrecadação
subiu de 64,3 bilhões para 1,2 trilhão (2014)
e a Dívida Pública de 250 bilhões para 2,7 trilhões de reais, (Outubro 2015).
Pois bem. Para sabermos da
“produtividade” desses números para a
Economia Brasileira precisaríamos saber das “despesas
e investimentos” desse período, o que é uma tarefa impossível. O que
sabemos de sobejo é do crescimento absurdo dos cargos comissionados em
detrimento dos concursados no Governo, dos benefícios aos membros do
Legislativo e Judiciário, em comparação com a deterioração da Saúde, Educação e
Segurança Pública.
Entretanto, um novo
componente é adicionado a essa matriz perversa. O efeito de um esquema de
corrupção sem precedentes, que não é coisa nova, bem sabemos, mas que no
presente “esbofeteia” a face da
Nação, através elisão do maior patrimônio nacional, a Petrobrás, além do
escândalo do CARF, através do qual “alguns bilhões” de ações fiscais foram
“negociados” em favor de
particulares.
Agora, uma vez mais, somos
chamados a contribuir com uma “nova
Reforma Fiscal” para cobrir os desequilíbrios criados, mormente, pela
Eleição de 2014, além de vermos retornar o “fantasma
da inflação”, do desemprego, da queda do nível de renda e a queda da
geração de riquezas nacionais, (PIB)
e constatar que o Brasil retorna à condição de “país agrícola”. São 50 anos de esforços de criação de uma base
industrial e tecnológica, que se joga no “lixo”.
Nossa pauta de exportações concentra-se hoje em “commodities”. (Produtos
agrícolas e minério).
Porém, o fator mais
crítico desta quadra da nossa história é a discussão da legitimidade dos
mandatários da Nação, por todos esses fatores, mas mais principalmente, pelas “mentiras vendidas” durante a campanha
eleitoral. Compramos o “paraíso” e
recebemos o “inferno”.
Já há pelo menos seis
eleições presidenciais a “zona de influência
da SUDENE” tem sido o “trunfo mor”
a decidi-las e mais recentemente nas três últimas, que não por acaso, é a de
maior concentração do Bolsa Família.
Ou seja, o “fator de representatividade”
tornou-se a “carência”. Nada mudou
nessa região desde o Império. Outrora, o “açude
na terra do coronel”, hoje o “cheque
em dinheiro vivo”.
É nesse “ambiente político”, que o Governo vem
pedir ao Congresso, uma “nova reforma
fiscal”, que nada mais será que o “gasto
de dinheiro novo” em “problemas
antigos”, sem oferecer a sua parte de sacrifício. Mesmo porque, se assim o
fizer, perderá o resto de “base de
sustentação”, que lhe resta. Políticos odeiam perder verbas e cargos.
Nesse “baile” sabemos integralmente o “repertório
que toca” e quem dança...
Os “pares de sempre”, que não têm qualquer motivo a dar um “voto de confiança” a quem desconfiam...
Quadra crítica, mas que
nos fará vencedores, se lutarmos pela “causa
certa”. Uma Reforma Política, que desarme as “bombas”, que aí estão a atrasar nossos passos.
Uma palavra por Mariana...
Vivi por 20 anos em Minas
Gerais e fui pescador por toda a bacia do Rio São Francisco nos anos de 1974 a
1979. O Rio Paraopeba, um dos principais afluentes do São Francisco, sempre foi
um “lavatório de minério”, da própria
Samarco no Distrito de Ibirité.
Igual tratamento teve o Rio
das Velhas, toda a mata ciliar do Velho Chico e seus afluentes pelo
desmatamento feito pelas carvoeiras, (Rio
da Prata, Paracatu e Urucuia).
Não choremos, assim hoje,
apenas pela destruição do Rio Doce...
Choremos por Minas Gerais
inteira, que tão mal tem tratado sua natureza...
Das Percepções & Entendimentos
De Antônio Figueiredo
Escritor & Cronista
São Paulo – SP.
Exclusivo para Sala de Protheus
Obs.: Todas as obras publicadas na Sala
de Protheus
são de inteira responsabilidade de seus
autores.
O Editor!
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