#SOSeducacao:
Pedagogia da Palmadinha!
“...A educação é para a alma o que é a
escultura para o bloco de mármore...!”
escultura para o bloco de mármore...!”
Joseph Addison
Tivemos
época em que, para punir alunos faltosos, não bastavam palavras. O castigo
corporal vinha de forma de palmatória ou até mesmo, como aconteceu no meu
período de escola, ajoelhar no milho. Ficar no canto da sala durante certo
tempo era das punições mais brandas.
Com o avanço da psicologia e da psicanálise,
que são relativamente recentes, valorizou-se o uso da palavra. Os professores e
os pais mais esclarecidos repreendem os alunos e filhos faltosos com este
instrumento poderoso e insubstituível de comunicação, que é a palavra. Uma
frase dita na hora certa pode valer muito mais do que os castigos, que provocam
ira, o que é contraproducente no processo educacional.
Quem tem paciência para pesquisar sabe
disso. Agora, em Portugal, mais precisamente em Leiria, parece que a escola se
fixou na pré-história. Preocupadas com o barulho excessivo das crianças, as
professoras passaram a usar fita durex na boca dos bagunceiros. Fez bagunça,
não tem conversa: a mestra lacra a boca do infeliz por certo tempo. E o que é
pior: mandou que as crianças passassem a trazer de casa o rolinho de durex,
para punir igualmente os pais, estes vítimas do prejuízo financeiro. Segundo
uma coordenadora da escola (nível
pré-escolar, portanto crianças de menos de sete anos) o método foi
aperfeiçoado no próprio estabelecimento do ensino. Depois de algumas reuniões
com os seus especialistas, chegou-se à conclusão que tapar a boca é muito
melhor do que bater, como se faz em outras escolas do país. Naturalmente,
trata-se de uma triste e ultrapassada opção, que provocou a revolta dos pais,
hoje protestando energicamente contra a violência.
Há escolas no Brasil que ainda adotam essa
forma obscura de educar. Professores que perdem a paciência com os seus alunos
e os agridem, violentando o que se entende por processo educacional. Em minha
opinião, trata-se de um caso de polícia, pura e simplesmente. Quando a escola
brasileira era risonha e franca - e não foi há tanto tempo assim - os castigos
corporais eram constantes. Ficar de joelhos sobre o milho ou feijão, para
expiar alguma culpa, tornou-se comum, ao lado da palmatória. As diretoras à
moda antiga dividiam com as professoras esse estranho prazer de agredir alunos
rebeldes ou indisciplinados. Não estamos convencidos de que seja essa a melhor
forma de educar. Agora, no entanto, parece que há uma crise na ciência do
comportamento nas escolas brasileiras - chegam notícias de uma violência
inaudita contra professores em sala de aula ou fora dela, sobretudo as de
ensino médio.
A
agressão física cedeu espaço ao trabalho de convencimento verbal do educador em
relação aos seus alunos. Chegou o momento de compreender que é preciso dar
tratamento de choque à nossa educação, não apenas para resolver a violência em
sala de aula entre alunos e professores a que fiz referência, mas, de um modo
geral, resolver o problema do analfabetismo no país e melhorar as condições de
ensino, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, para professores e
alunos. Basta da pedagogia do medo!
Entendimentos e Compreensões de
Nelson Valente - Professor universitário, jornalista e escritor.
Santa Catarina – SC –
Obs.:
Todas as obras publicadas na Sala de Protheus
são de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!
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