#SerieBrasil:
- E as Regras do
Jogo! –
Na
semana passada morreu o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI CODI de 1970 a 1974 durante o
Governo Garrastazu Médici e considerado o maior dos esbirros daquele período de
exceção e com ele muitos dos “segredos de
porão”. Infelizmente esse é um período da história, que ficará por ser
escrito por algum tempo ou indefinidamente e com isso deixaremos de aprender
uma “lição” muito importante, pois
nenhuma Comissão da Verdade será isenta o suficiente para se agarrar
exclusivamente aos eventos, regras do jogo e seus responsáveis diretos.
Já os
outros dois protagonistas o Capitão Carlos Lamarca e o 1º Tenente da Força
Pública de SP, (antiga PM - Polícia
Militar) Alberto Mendes Junior entram nesta crônica por portas diversas. O
primeiro com sua biografia escrita na Wikipédia, que não lhe faz integral
justiça, segundo a opinião de um meu primo, seu contemporâneo na Escola
Preparatória de Cadetes do Exército em Porto Alegre. Já o segundo por ser o
nome da rua em que resido que aguçou minha curiosidade sobre seu nome e que não
me soava estranho.
Pois
bem ambos são personagens da Guerrilha no Vale da Ribeira. Nela por ordem de
Carlos Lamarca o Tenente Mendes Junior foi executado a coronhadas de rifle,
pois aos guerrilheiros não interessava serem localizados por um tiro de fuzil e
também porque a “guerra de Guerrilha”
nunca teve campo de prisioneiros e aos guerrilheiros não se dava o benefício do
Tratado de Genebra. Exércitos não regulares, “não uniformizados”, eram tratados como espiões e por isso
sumariamente executados. Isso valeu nas Guerras Mundiais e até recentemente.
Sigo
sempre o corolário de que a História não se politiza ou partidariza e não está
subordinada a nenhuma Comissão da Verdade, para muda-la. A História é a crônica
dos fatos acontecidos e deve estar sob o crivo restrito dos valores no seu
tempo. Falar em “direitos humanos”
dos anos 90 em calabouços dos anos 60/70 é desconhecer o cenário temporal e
principalmente desconhecer as “regras do
jogo” histórico. Tanto o coronel, como o capitão e o tenente sabiam bem as
regras e suas consequências e de maneira alguma se omitiram em executar as
tarefas que assumiram realizar, pois a nenhum homem se cobra a razão dos seus
ideais, que muitas das vezes, infelizmente, excedem aos seus valores pessoais.
Tempos de guerra são tempos em que estão em jogo “valores maiores” e a humanidade sempre justificou assim, que os
fins permitem os meios. Sem quartel. Não perfilo na “Comissão do Esquecimento” e tampouco nas modernas “Comissões da Verdade”, pois a verdade
histórica é um trabalho de arqueologia escavando o tempo e pincelando a poeira
e o mofo de fatos e personagens para se chegar ao máximo possível de verdade.
Mas para isso “aqueles tempos” devem
ser deixados passar e buscar estar a cavalo nos tempos que correm. Num páreo os
cavalos correm para a linha de chegada e não para a linha de partida. Lá eles
já estão: “imobilizados”.
A “regra do jogo” em meados dos anos 80
era virar a página dos tempos de exceção buscando garantir as instituições
democráticas de modo a inviabilizar novos períodos de exceção. Já a partir dos
anos 90 rumava-se para mudanças estruturais de modo a que se cumprissem os
preceitos constitucionais sociais previstos na CF 88 e hoje o que se percebe é
que os três maiores partidos se encontram enredados em uma disputa inerte. O PT
ideologicamente a uma “infância utópica
esquerdista” enquanto na prática capitalista demonstra incompetência
operativa. O PSDB mostra incapacidade em apresentar à sociedade uma alternativa
e um projeto nacional viável. Já o PMDB está onde sempre esteve. À disposição
em cooperar com quem chegar ao Poder, pois urnas majoritárias não são seu
cacoete.
O
Brasil a exemplo de todas as grandes nações está carente de “nomes fortes” politicamente, mas graças
ao centralismo econômico oficial, também claudica em avançar economicamente. Nestes
tempos de acordos comerciais globalizados ainda nos travamos atrelados a
alinhamentos comerciais ideologizados. A continuar a toada dos fatos, continuaremos
à margem e mais uma vez teremos perdido “outro
bonde” da História. Apenas o desenvolvimento econômico criará condições de
novos investimentos e na retomada dos investidores atuais e com isso a
manutenção de políticas sociais de emergência, vagas de empregos e crescimento
da renda, crédito e consumo. Todas as besteiras para manter o consumo
artificialmente não foram suficientes para preservá-lo, bem como para preservar
a arrecadação de impostos para pagar as Contas Nacionais. É necessária uma ação
urgente para manter o “grau de
investimento”, senão se a capacidade de pagar da nação for jogada ao nível
de “especulativa” (lixo), talvez o PT
se veja na obrigação de fazer um Acordo com o FMI para restaurar a nossa
credibilidade e isso seria o “mais melancólico”
dos fins, que o PT poderia ter.
Cuspiu
para cima e se esqueceu de sair de baixo...
Entendimentos & Compreensões
Antônio Figueiredo
Escritor & Cronista
São Paulo – SP.
Obs.: Todas as obras
publicadas na Sala de Protheus
são de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!
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O Editor!
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