#SOSEducacao:
“... Afinal, O Que é Educação?”
“... Quanto mais nos elevamos, menores
parecemos aos olhos daqueles que
não sabem voar...!”
Nietzsche
Falamos e cobramos nas últimas duas décadas muito
da educação formal (instrução escolar –
não confundir com educação, na acepção da palavra que remete à família).
Mas afinal o que é educação?
Etimologicamente, a palavra educação significa,
mais ou menos, o mesmo que a palavra criação. Educar, do
latim educere, “é quase criar, é como tirar do nada é, pelo
menos, despertar do sono e da letargia as faculdades adormecidas, é dar a vida,
o movimento e a ação a uma existência ainda imperfeita” (Mons. Dupanloup)
“Educar é fazer que alguém se desentranhe de si
mesmo; é fazer duma criança um homem um cristão, dum cristão um santo, eleito”
(Mons. Pichenot).
Não podemos buscar significações fora de nossa
amada língua portuguesa brasilesa.
Até porque é uma palavra bem portuguesa.
Dizemos: enobrecer a
juventude; enobrece a alma; enobrecer os sentimentos; enobrecer os pensamentos;
enobrecer o caráter...
Filosófica e romanticamente é fácil definir:
"A educação é a arte de cultivar,
exercitar, desenvolver, fortificar e polir todas as faculdades físicas,
intelectuais, morais e religiosas, que constituem na criança a natureza e a
dignidade humana; dar a estas faculdades uma perfeita integridade; elevá-las à
plenitude da sua força e da sua ação. E, deste modo, formar o homem, prepará-lo
a bem servir a pátria nos diversos cargos sociais, que um dia seja chamado a
desempenhar através da jornada da vida; e assim, num alto pensamento,
conquistar a vida eterna, enobrecendo a vida presente. Eis a obra e o fim da
educação." (Mons. Dupanloup)
Notem como se repete a palavra “cultivar”:
Porque, efetivamente, a educação procede como um
jardineiro inteligente: coloca numa terra boa a planta que lhe confiam; rega-a
com água pura e abundante; arranca as ervas daninha, que estorvariam a sua
vegetação; poda-a na devida altura; vigia o crescimento e como se desenvolve;
favorece o desabrochar das flores e dos frutos. Portanto, a educação cultiva (São Paulo chama à alma “o campo de Deus; Dei agricultura estis” – I Cor. III
–9)
Mas além de “cultivar”
utilizamos muito a arte de “exercitar”!
Porque a educação não é somente um meio de agir; é
ainda o recurso e a obrigação de fazer agir; não é só obra da autoridade, é
também obra do respeito; exige do educando a colaboração duma docilidade
respeitosa: - exercita.
Propõe então ao educando certos estudos,
determinados atos e certos esforços; anima-o com persuasão; dirigi-o com
sabedoria; numa palavra, fá-lo concorrer eficazmente para a sua própria
educação: - e assim é necessário, porque “jamais se educará uma criança sem
o seu esforço ou contra a sua vontade”.(Mons. Dupanloup)
Mas junto com cultivar,
exercitar está outro verbo:
“desenvolver”!
Porque a educação só cultiva, e exercita, age e faz
agir, a fim de desenvolver.
E, na verdade, a educação é o desenvolvimento da
natureza em tudo o que tem de bom. Por isso, sabiamente disse Fenelon: “Basta
contentarmo-nos com seguir e ajudar a natureza”.
A educação deve seguir e ajudar a natureza em todos
os terrenos; deve segui-la e ajudá-la sem nunca se deter nem afrouxar;
apodera-se do homem e acompanha-o até ao limite da sua carreira.
E ela fortifica o ser humano fazendo com que se
torne mais humano (em outra definição de
Nietzsche).
Porque desenvolver, sem fortificar, equivaleria
praticamente a destruir. A educação que não fortificasse seria, pelo menos, vã
e enganosa, sem consistência e sem virtude.
A Bíblia, em um de seus livros indica, aliás, a
necessidade deste duplo progresso, falando de Jesus Menino: Puer
crescebat et confortabatur (Lucas
1, 80; e 2, 40). O Menino crescia e fortificava-se.
A estátua
sempre esteve na pedra. O escultor somente tirou o que não era necessário. E
deu polimento para a obra final. Afirmo eu.
E educação não é somente para o homem uma
necessidade, uma condição de existência; é também uma prenda adorável. Deve suavizar
adornar, embelezar a natureza.
Para os verdadeiros mestres – professores – que trabalham, laboram com a educação, fica bem
entendida a faceta o espírito, pule o caráter e os costumes; até a virtude se
torna mais bela. E a polidez foi sempre um dos mais belos caracteres da
educação. Não se considera, entre nós, bem educado quem não possui a arte de
saber viver.
Como puderam ver acima misturamos “faculdades físicas, intelectuais, morais e
religiosas”.
Porque a educação, tomada na sua acepção completa,
abrange o homem todo, o seu corpo e a sua alma; esforça-se pela realização do
ideal traçado pelos antigos, quando falavam duma alma sã num corpo vigoroso: mens
sana in corpone sano (Juvenal) –
Mente saudável em um corpo saudável.
Esta alma sã é a inteligência bem formada; é a vida
moral despojada dos seus defeitos e enriquecida de virtudes; é a vida
sobrenatural assegurada, salvaguarda, aperfeiçoada, querida e defendida...
De maneira que a educação vista em conjunto,
compreende cuidados físicos, ensinamento intelectual, uma disciplina moral e
uma formação sobrenatural.
Mas vamos ser mais didáticos. Quando falamos em
educação, automaticamente, tratamos de:
- Trata-se de formar o homem; o homem com as
suas faculdades gerais e as suas qualidades individuais, tal qual o exigem a
sociedade e a religião; o homem da razão, de senso e de gosto; o homem de
imaginação regrada; o homem de coração; o homem de vontade firme e reta; o
homem como foi criado pelo espirito, homem de fé e de consciência; o homem do
seu século e de seus pais, no sentido perfeito destas duas palavras.
- Joubert, traduz em uma frase os pensamentos
delicados e luminosos: “Ao educardes uma criança, pensai na sua
velhice”.
Mas é assim? Romântico? Filosófico?
Sim! Mas não é o todo. O pensamento de Joubert deve
ser completado, tomando esta forma: “Ao educardes uma criança, pensai na sua
eternidade”.
Monsenhor Rosier deixou escrito para a eternidade:
"Ó jovens mães, na hora bendita em que vós
tendes no regaço o entezinho adorado, e em cuja fronte desenhais sonhos
fagueiros, pensai bem que não é tão somente um precioso objeto que adornais com
esmero; fitai os seus olhos; neles lereis deveres mais austeros. Está escrito
que a maternidade é um sacerdócio, um apostolado divino de que Deus vos
revestiu; que é preciso fazer da criança, primeiro, um homem e, depois, um
eleito do Céu; que, se assim o não fizerdes, melhor seria nunca terdes um
filho. Este dever é tão imperioso que São Paulo não hesita em afirmar que a mãe
que o esquece é inferior a uma pagã."
Pensar e educar não dói... Ao contrário diminui todas as dores.
Fontes:
Citações no texto.
Mundo da Educação
Edição; Livreiros 1984 – RJ.
Leituras e Pensamentos da
Madrugada.
Entendimentos & Compreensões
Dos arquivos da Sala de Protheus.
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