domingo, 25 de maio de 2014


De Pernambuco para a Sala de Protheus
A Última Flor do Lácio por Lady Ratis,       

 

Mosaicos do Além-Mar!


 
(...) “Última flor do Lácio, inculta e bela,
(...) Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...!”

 

Olavo Bilac

          Manancial de doçura, força de expressão, emoção e doçura, a língua portuguesa desembocou em terras brasileiras com outro sotaque, mas aos poucos incorporou uma forma própria, que poetas e escritores souberam dar o devido destaque. Trouxe consigo, além da nostalgia do fado, as tempestades do mar revolto, em dias de ventania. “Mouraria”? “A Canção do Mar” diria que “fui bailar no meu batel...” até do sonho acordar e só a saudade restar.

        Tropical, faceira, encantadora, hermética, desafiadora e envolvente, só não aprecia a Última Flor do Lácio quem for negligente com suas próprias origens, na língua, latente. Riqueza que não cabe em mais de 500 anos de colonização e tão bem decantada por Machado de Assis, Carlos Drummond, Manoel Bandeira, Érico Veríssimo e também por certo João: “Sagarana” é saga que se segue em “Grande Sertão: Veredas” – nesses caminhos que se interpõem nos rincões de um País de raras belezas.    

          Tépida, tórrida, eloquente e surpreendente; claraboia do nascer do sol à sombra dourada do poente – a Última Flor do Lácio é delgada como os contornos de nossa gente. Bailarina, sonhadora, poética e enigmática, costuma chegar ao ápice, plena como a lua cheia, na interpretação marcante de atrizes e atores que têm por hábito deixar na ribalta o ofício de suas veias.
 
         Para muitos, complexa; para outros, avassaladora. Relíquia pouco valorizada pela maioria das novas gerações, guarda nos sótãos da memória a riqueza de sua própria história e promete impressionar quem nela procurar a nascente, a foz e o desaguar do saber interpretar. Saber inglês é fundamental e indispensável, mas deixar de lado a língua raiz é, sobretudo, lastimável.

         Aldeia global, tecnologia, fúria capitalista, sinergia. Abraçá-los e integrá-los às suas referências com cautela e harmonia para não correr o risco de perder a identidade, em meio à polifonia. ‘Vou-me embora para A Última Flor do Lácio’: lá terei o real e o imaginário.

 

Da paixão e dos pensamentos
 De Fabiana Ratis –
Pós-graduada em Jornalismo,  Crítica Cultural pela UFPE
 e escultora de palavras.
Recife – Pernambuco -
        

        

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