“... Nefasto
este meu desejo pelo teatral romantismo.
Quase um
suicídio da alma.
É jogar-me
de um abismo e procurar a calma...
No fundo, no
chão....!”.
Isabella
Blanco
Estamos
vivendo um tempo de velocidade. De rapidez. Tudo parece ser líquido. Aliás,
título de best-seller. Parece que
nada mais é sólido. Não temos mais rituais. E somos seres de ritos. Precisamos
disso. Desde uma simples amizade, na profissão com nossos colegas e muito, mas
muito mais nas relações que poderão ser mais complexas. Sim eu disse complexas,
não complicadas. Como o amor, como um namoro, como um casamento...
Hoje existe
o “ficar” e logo, muito logo não “ficam” mais. Até amigos estão mais para
“ficar” do que para serem amigos.
Esquecemos os ritos. As formas de indo nos conhecendo, pouco a pouco,
descobrindo as similaridades, aquilo da essência do outro que mais nos atrai.
Pois de resto nos trai.
Discutindo isso tudo com a amiga
Priscila, há algum tempo, ela utilizou o que transformei em título: Sempre Me Afasto do Nefasto!
Fez-me pensar. E muito.
Jelson Roberto de Oliveira, em
uma dissertação, citando o grande mestre Nietzsche resumiu: “... a importância da amizade no
âmbito da reflexão sobre a incompreensibilidade da riqueza vital experimentada
como vivência mais própria e como
Nietzsche chega, pela relação amical, à formulação de uma nova aurora do
pensar, agora situado no campo das vivências cuja tradução foge dos sistemas da
compreensibilidade. Nesse cenário, a amizade aparece como arena para mal
entendidos porque fomenta a possibilidade de uma relação traduzida pelo pronome
plural nós – um signo
da relação que se efetiva como impavidez, liberdade e afirmação individual, com
vistas à constante autossuperação de si...!”.
E nefasto é algo de teor rui; de péssimo agouro; funesto.
E não gostamos disso, principalmente, em uma amizade. Nem
vamos pensar em outros tipos de relações. Ficaríamos irritados só de pensar.
Outro pensador, da mesma época de Nietzsche, Arthur
Schopenhauer afirmou: A Amizade Verdadeira e Genuína do mesmo modo
que o papel-moeda circula no lugar da prata, também no mundo, no lugar da
estima verdadeira e da amizade autêntica, circulam as suas demonstrações
exteriores e os seus gestos imitados do modo mais natural possível. Por outro
lado, poder-se-ia perguntar se há pessoas que de fato merecem essa estima e
essa amizade. Em todo o caso, dou mais valor aos abanos de cauda de um cão leal
do que a cem daquelas demonstrações e gestos.
É disso que minha
amiga Priscila falava. Estamos tão virtuais, tão globalizados que o
quantitativo esta dando lugar ao qualitativo.
E precisamos cada
vez mais de essência... Daquele sentimento puro.. Do que vem direto do coração.
Seja isso por escrito ou oral. Seja em um olhar ou em um gesto. Até mesmo em um
texto.
Era isso que
Priscila buscava ao afirmar isso com tanto sentimento.
Não estava sendo
negativa e simplesmente desistindo. Não.
Ela estava buscando
o que de puro pode existir em uma pessoa. Sua essência.
Era disso que ela
falava e que cada vez mais, está difícil de encontrar.
E Priscila, assim
como todos nós precisamos disso, dessa matéria que vem da alma e que nos
transforma em melhores. Evoluímos e nosso espírito se torna mais luminoso, mais
presente e tocamos, levemente, mais no coração das outras pessoas.
Preferimos conviver
com nosso eu, mais sozinho, do que com aquilo que é ruim. Que é nefasto.
Priscila já
aprendeu, através de seu coração e de sua mente genial, que Pensar Não
Dói...
E você?
*Transpirado
de Priscila
Entendimentos
& Compreensões
Publicado no
Grupo Kasal – Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
Professor, me lembrei de um "velho amigo", que assim traduzia a AMIZADE recém adquirida.
ResponderExcluirUm moinho de pedras novas e o grão de milho precisam com o tempo do distanciamento justo e de uma aproximação constante para conseguir fazer um BOM FUBÁ.
Quanto maior a proximidade ajustada pelo cuidado da AMIZADE, melhor será o "produto dessa amizade".
Para se ajustar as pedras, precisa-se de tempo e paciência, para não "bater as pedras" pela sofreguidão.
"Muito prazer em conhecê-lo, meu mais novo estranho amigo". Assim, o mestre Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas", se referia ao mais novo amigo que acabara de conhecer. Ao passo que ainda era estranho, recém-chegado, já fora chamado de amigo, por ter percebido, no primeiro encontro, uma possibilidade de aproximação maior, com o decorrer do tempo. A lição está em não ter pressa... Os vínculos vão se formando à medida que as afinidades vão sendo lapidadas... Naturalmente acontece o encontro das essências, mais profundo e duradouro que chegou para ficar!
ResponderExcluirLealdade, sinceridade, cordialidade, igualdade, serenidade, irmandade, positividade, compatibilidade. São amigos leais, sinceros, cordiais, iguais, serenos, Irmãos, positivos, são exatamente compatíveis, mesmo sendo totalmente diferentes.
ResponderExcluirStay é uma palavra encantadora no vocabulário de um amigo.
Amo você mestre amigo!!!
BeiJanesss e Stay!!!