Civilidade!
“... Mas qual a recompensa da virtude? E que
recompensa foi prevista pela natureza para sacrifícios tão importantes como o
da vida e o da fortuna, que frequentemente temos que fazer-lhe? Oh, filhos da terra!
ignorais o valor dessa celestial amante...?”
David Hume –
Ensaios Morais, Políticos e Literários – 1741
Não
permitais que as injúrias e a violência dos homens, dizem os filósofos, vos façam agitar pela ira ou
pelo ódio. Sentiríeis ódio do macaco por sua maldade, ou do tigre por sua
ferocidade?
Esta reflexão conduz-nos a uma opinião desfavorável da natureza humana,
e tem como resultado a eliminação das aflições sociais. Tende, também, para
extinguir todo remorso pelos crimes que cada um praticou, pois faz pensar que o
vício é tão natural no gênero humano como os instintos, próprios, de cada
espécie animal. Mas não é assim. Eles
vão adiante:
Todos os males derivam da ordem do universo, que é absolutamente
prefeita. Ousaríeis perturbar ordem tão divina por causa de vosso próprio interesse
pessoal?
E Se os males que sofro provierem da maldade ou da opressão?
Mas os vícios e imperfeições dos homens também são abrangidos pela
ordem do universo:
A pretensão de querer criar uma
discussão, de um ignorante ser, do inicio do século vinte e um, baseando-se nos
textos de Plutarco, principalmente De Ira Cohibenda, não é mais nada do
que pretensão. Porém, uma busca incessante de nosso próprio eu nos confins da
natureza humana.
Num de seus mais importantes livros, Da Genealogia da Moral, Nietzsche insiste em como foi difícil e que
custos teve, para o homem, a instauração da moral (ou mesmo, se quisermos de várias morais).
Em outras palavras, a moralidade não é um traço natural, nem legado da
graça de Deus – ela foi adquirida por um processo de adestramento que terminou
fazendo, do homem, um animal
interessante, um ser previdente e previsível. Foi preciso que, pela dor,
ele constituísse uma memória, mas não no sentido aparente de apenas não
esquecer o passado: onde ela mais importa é quando se faz prospectiva, quando
se torna como um programa de atuação – marcando o sujeito para lembrar, bem o
que prometeu e o que disse, de modo a não o descumprir.
E Pierre Clastres, num artigo, chamado “Da Tortura nas Sociedades Primitivas”, retomou esta idéia,
descrevendo os ritos de iniciação dos rapazes índios como sendo lições de
memória futura, inscrição no corpo e na mente da lei da igualdade.
É desta maneira, também, que Norbert Elias em seu Processo Civilizador de 1939, pensa. Pode respeitar os costumes que
se civilizaram (transparece até mesmo sua
simpatia por eles), mas sempre tem em mente que o condicionamento foi e é
caro.
Uma responsabilidade enorme vai pesando sobre o homem à medida que ele
se civiliza. E isso tanto se entende à luz das torturas, físicas ou psíquicas,
que Nietzsche havia identificado na origem da cultura, quanto à luz do que
Freud diz, no fim da vida, sobre a própria civilização: quanto mais aumenta, mais
acresce a infelicidade.
Sabemos que este tema foi e tem
sido bastante contestado. Em 1968, Marcuse, lança Eros e Civilização, Zahar Editores, 8ª edição 1981, que é
justamente a primeira grande crítica dirigida à idéia de que o custo da Kultur está na infelicidade, no
crescente recalcamento das pulsões cuja satisfação nos pode fazer felizes. É
este um ponto a discutir, e sobre o qual duvido que haja resposta convincente,
pelo menos por ora.
Por enquanto, fica-se na
assertiva de que Pensar não dói... E
na resposta, a esta frase, uma amiga Psicanalista afirma: Mas as consequências do ato de pensar... Sim.
Sempre é um novo tempo.
E, por favor, Sejam felizes.
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
twitter.com/profeborto
Pelo que li gostarei de frequentar. Muito bom, enfim mais alguém pensante nessa net. Beijo!
ResponderExcluirL U T A i N G L Ó R I A.
ResponderExcluirSe para os psicanalistas explicar o Bicho Homem sempre foi uma luta inglória, imagine para nós pobres mortais.
Já "Joguei a Toalha." Vou me contentar com a migalha de entender a mim mesmo até o final da vida. Antes, porém, vamos tecer algumas considerações sobre nós, animais privilegiados com a faculdade de pensar e articular o pensamento através da palavra. Há um certo preconceito incrustado na alma de muitos que se acham mais entendidos que os outros que os acercam. Enfatizam suas idiotices, burrices ou imbecilidades, como se isso fosse coisa dos outros.
A imbecilidade é inerente à condição humana que começa no seio da Família. Se não, Vejamos. Em todas as civilizações, o Casamento é a semente geradora da família para o Progresso e Preservação da espécie.
O que segura um casamento mais ou menos harmônico? - O Sexo e os Filhos. O que acontece com a maioria dos casais que perdem o interesse sexual pelo parceiro (a) quando os filhos já estão criados? - Vão brigar na Justiça pela partilha dos bens conquistados e curtir solidão e mágoas, muitas, arrastadas ao longo da vida, às vezes em camas separadas, outras vezes, pior ainda. Separados na mesma Cama.
Ora, se depois de uma vida de lutas vencidas, com a experiência da maturidade e a iminência da morte, não seria melhor dividir esse resto de vida em solidária harmonia? - Claro que SIM.
Somos ou não, todos I M B E C I S ?
Jane DiLello -
Belém - Pará -