sábado, 10 de setembro de 2016

#SerieComportamento:

Prazer X Realidade!

“ Um homem moral pode manter

seu código moral em um mundo imoral?”



Arthur Shoppenhauer

A partir da frase, do pensador, em epígrafe e buscando a teoria Freudiana sobre nossa atualidade enquanto indivíduo/brasilês e como povo/estado, necessito fazer uma síntese, mas muito bem reduzida mesmo, de um dos princípios básicos, da teoria do fundador da psicanálise, em sua obra: “A Civilização começa com a repressão! ”.

Com isso você verá que para este grande pensador do século XX, somos regidos pelo princípio do prazer, que é limitado pelo princípio da realidade. E a realidade está no social, na vida dos indivíduos em grupos com suas normas e sanções.
O Pai da Psicanálise descreve como se desenvolve o EU em um ser humano. O recém-nascido é incapaz de distinguir o seu EU do mundo externo, ele percebe apenas como fontes de sensações que fluem constantemente. Em geral, a primeira percepção do mundo externo ocorre com a descoberta de uma fonte vital e de prazer pode ser subtraída, reaparecendo com o choro e grito. Essa fonte vital e de prazer é o seio da mãe, o primeiro objeto que concretiza a existência de algo externo ao indivíduo.


Outra função importante que forja o EU, levando-o a separar-se da “massa geral de sensações”, é o confronto entre o princípio do prazer - regido por conteúdos inconscientes – e o princípio da realidade – uma das forças motrizes de todo o desenvolvimento humano, com suas inevitáveis sensações de desprazer. Pode-se resumir que o que limita o princípio do prazer é o princípio da realidade, com todas as suas normas sociais.

É pelo confronto entre esses dois princípios que começa a se diferenciar no indivíduo, o EU, interior, do mundo externo. A introjeção do princípio da realidade irá estruturar todo o desenvolvimento posterior. O princípio da realidade no seu confronto com o princípio do prazer, irá capacitar o ser humano a construir defesas que o protejam dos desprazeres de que o mundo externo o ameaça.
Freud identifica na relação do EU com os objetos existentes no mundo externo – principalmente com as sensações que estes objetos causam no mundo interno do indivíduo – um importante ponto de partida de distúrbios patológicos.


Freud considera que a liberdade do indivíduo não é um resultado da civilização. Ao contrário, a civilização está fundada exatamente na capacidade de que, com seus mecanismos reguladores, restringir a liberdade individual. O homem se constitui, assim, como ser social, aprisionado a um dilema que parece insolúvel: enquanto no seu estado original de natureza o ser humano era totalmente livre de regras e padrões, essa liberdade tinha pouco valor, uma vez que todos os indivíduos ficavam vulneráveis e à mercê de seus semelhantes, sem as normas sociais reguladoras do comportamento.

Portanto, é a civilização que mantem a ordem social, mesmo ao elevado custo de restringir as liberdades individuais, muitas regidas pelo princípio do prazer.
Freud identifica que, por conta da liberdade perdida, o ser humano estará permanentemente em conflito com a civilização, reconhecendo que cada revolução, cada impacto que a humanidade experimenta é uma tentativa de externalizar e superar esse conflito, essa inquietação. E é assim que a civilização evolui. Segundo Freud “o impulso de liberdade é dirigido contra formas e exigências específicas da civilização ou contra a civilização em geral. Não parece que qualquer influência posa induzir o homem a transformar sua natureza na de uma térmita. ”
Indubitavelmente, ele sempre defenderá sua reivindicação à liberdade individual contra a vontade do grupo.


Com seu agudo espírito investigativo, Freud desmistifica o papel de progresso científico e tecnológico, como um fator imediato na construção da felicidade humana (o que estamos sentindo na alma nos dias de hoje no mundo), segundo ele, principal propósito de vida. E identifica na civilização e na cultura, pelas regras e limitações que estas impõem aos homens, um impedimento à conquista da felicidade

Quanto às relações sociais – classificadas por ele como um dos aspectos característicos da civilização – Freud define o primeiro momento da civilização como aquele em que se iniciou a regulação dos relacionamentos sociais. É esse o momento da passagem do estado de natureza para o estado de sociedade. O elemento de civilização entra em cena com as primeiras tentativas dos indivíduos de regular seus relacionamentos sociais e, sem essa tentativa, os relacionamentos ficariam sujeitos à vontade arbitrária de cada indivíduo, ao princípio do prazer. O homem fisicamente mais forte decidiriam sempre no sentido de seus próprios interesses e impulsos instintivos, até encontrar outro mais forte que ele.
Agora transportando todo o pensamento freudiano para os dias de hoje, posso assegurar que ele foi profético?


Sim, com toda certeza. Os avanços tecnológicos, principalmente de informações levaram a uma “prisão do indivíduo”, pior do que antes, quanto seu sistema de comunicação era parcial e dependente.
Com isso nosso próprio sistema cultural não evoluiu enquanto seres independentes. Ainda somos regidos pelo princípio do prazer x principio da realidade.
Hoje, certamente, para o indivíduo pensar.... Parece doer muito.
E quase um século depois desta teoria ser lançada através da psicanálise.
Eis nós...




Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Fonte:
Sigmund Freud – O Mal-estar na civilização
Traduzido do inglês por Joan Riviere, 
Londres – Hogart, 1955.
Publicado originalmente no Grupo Kassal – Viória – ES.
http://www.konvenios.com.br/info/verArtigo.aspx?a-id=28124
Arquivos da Sala de Protheus


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