sábado, 20 de fevereiro de 2016

#SOSEducacao:





 A Língua Portuguesa e a Cidadania!

"... Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português...!"


                                                                                                            Oswald de Andrade



Há muitas interpretações para o termo cidadania, conforme a ótica adotada.
Historicamente, na Grécia Antiga, o cidadão integrava-se à pólis, isto é, incluía-se entre aqueles que a dirigiam. Os metecos e os escravos não eram cidadãos.
Só os nascidos em Roma eram considerados cidadãos. Os demais povos, apesar de possuidores também de cultura própria, eram bárbaros, aos quais, ironicamente, estava destinado, no futuro, o domínio do império, estilhaçando o que fora conquistado pelas armas.
No século XVIII, o conceito de cidadania foi introduzido pelos revolucionários franceses de 1.789, inspirados pelas teses Iluministas. Todos aqueles que se opunham aos privilégios da aristocracia eram cidadãos e gozavam, pelo menos teoricamente, dos direitos de liberdade, igualdade e fraternidade.


Mais ou menos consolidados os princípios da Revolução, as atenções voltaram-se para a educação: o ensino obrigatório, o aperfeiçoamento das escolas normais e a adesão, às vezes forçada, dos professores aos ideais republicanos deram novo sentido à palavra cidadania. Esta passava necessariamente pelos bancos escolares, dando coesão ao país, ameaçado por forças externas.
Há exemplos históricos de imposição da língua do conquistador da língua para derrubar o orgulho nativo do conquistado, sem que o fato revertesse sempre em aquisição da cidadania do mais forte. O conquistado ficava reduzido à oralidade e acabava por perder sua autenticidade, sem adquirir
outra. 

Pode-se massacrar uma população conhecendo-se perfeitamente sua língua e sua cultura. Desconhecer as línguas sempre produz a intolerância. Conhecê-las, porém, não é garantia de tolerância.
Nas Bálcãs, os sérvios e os croatas entendem-se e, contudo… No passado, os que se revoltavam mais ferozmente contra o colonizador haviam estudado na metrópole.
Os romanos foram mestres do mundo, mas seus eruditos conversavam em grego entre si. O latim se tornou a língua europeia quando o império romano desmoronou
.
No tempo de Montaigne, o italiano era o vetor da cultura. Depois, durante três séculos, o francês foi a língua da diplomacia.
Por que o inglês, hoje? Porque os Estados Unidos ganharam a guerra e porque é mais fácil falar mal o inglês do que falar mal o francês ou o alemão. O que não impede que os franceses falem de uma “colonização” de sua língua pelo inglês.

 

                                                                 Entendimentos & Compreensões
                                                                    Convidado da Sala de Protheus
                                                            Das pesquisas e do pensamento do
                                                                               Professor Universitário, 
                                                           Jornalista e Escritor Nelson Valente




Obs.:
Todas as obras publicadas na Sala de Protheus
São de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!

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