domingo, 16 de novembro de 2014



#PensarNaoDoi:




“Amigo...?”

“... O homem que diz que não nasceu feliz poderia
ao menos tornar-se assim por meio da felicidade
de seus amigos. Mas a inveja lhe tira este ultimo recurso...!”
Jean de La Bruyére – Caracteres ou
Costumes deste Século –Do Homem – tópico 22.

                                Há vícios que não devemos a ninguém, que nasceram conosco e que os fortalecemos pelo hábito; há outros que se contraem e que nos são estranhos. Nascemos às vezes com costumes simples, complacentes até e com todo o desejo de agradar; mas pela maneira como nos tratam as pessoas com quem vivemos e das quais até dependemos, logo somos jogados para fora de nossas medidas e até de nossa índole; adquirimos um amargor e raiva que não conhecíamos, vemo-nos em outra situação de vida e os surpreendemos ao nos sentirmos secos e agressivos.  O que temos, hoje, por algumas pessoas... Repito: somente algumas pessoas... Bem raras, é um sentimento diferente do que vemos e ouvimos todos os dias. As pessoas em sua maioria hoje saem por ai dizendo que todos são seus melhores amigos. A expressão não tem mais um significado verdadeiro. Conhecidos trocam abraços e beijos em profusão, quase como um tratamento generalizado de algumas carências, talvez não sentidas... No segundo, ou no máximo terceiro encontro, contato vão-se cartões, mensagens em telefones, manifestações em e-mails, redes sociais, correios... Tudo é distribuído por atacado.
Enfim todos demonstram por escrito apenas fragmentos de sentimentalidade por alguém que mal ou nunca conheceram de fato. E todo mundo ama todo mundo... Simples... Fácil... Será? Como resultado, quando dizemos que amamos alguém, hoje, a pessoa nem ouve. Mas temos estes amigos, principalmente, neste mundo de tantos ‘seguidores’ que podemos afirmar ser ‘meu melhor amigo’ Há pessoas hoje, para quem a arrogância é grandeza; a desumanidade é firmeza e a esperteza, Inteligência. Os espertos acreditam facilmente que os outros também o são; não se deixam enganar, mas enganam por pouco tempo. Certamente, trocaria de boa vontade ser esperto por ser estúpido e passar como tal. A qualquer um ou a todos. Ninguém engana por bem; a esperteza acrescenta malícia à mentira.


                         E, finalmente, penso que se houvessem menos crédulos, haveria menos gente esperta e aproveitadora, menos desses seres que se enchem de vaidade porque souberam, durante uma vida toda, enganar os outros. Como é possível para quem a falta de palavras, ausências de sensibilidade, esperteza, longe de prejudicar, mereceram apoio e benefícios daqueles mesmos a quem prejudicou ou mentiu, não se envaideça de seu talento ou habilidade? Nada faz tanto por um espírito razoável a suportar tranquilamente as ofensas dos amigos que a reflexão sobre os vícios que possuímos e de como é difícil para todos serem constantes, generosos, fieis, capazes de sentimentos de amizade, superiores à ideia de seus interesses.  Quando começamos a conhecer o alcance desses defeitos, não se exige mais dos seres que penetrem à própria alma, que voem que tenham qualidade. Podem-se odiar os seres de forma generalizada, por que no fundo muito poucos são dotados, realmente de virtudes... Mas no fundo acaba desculpando a cada um, particularmente, ama a todos por motivos mais ou menos relevantes e se empenha em merecer o mínimo que possa semelhante à indulgência...




                        Assim ao procurarmos o que tanto necessitamos, utilizo novamente o pensador citado no inicio e lhe pego emprestado o final destes sentimentos, destes pensamentos descritos, pois (...) nada existe que os homens gostem mais de conservar e que tanto desperdiçam com sua própria vida. Complicado? Não. Apenas triste! Eis o estagio em que sem encontram as “amizades”! Pode pensar... Não dói!


 
 Entendimentos & Compreensões
Pensamentos &Leituras da Madrugada
Transpirado dos Amigos e Escritores
Nelson Valente e Antônio Figueiredo.


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