quinta-feira, 5 de junho de 2014


Viver é Seguir!
- A metáfora da Água –
 
 
“... A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento.Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver.Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar...!”.
 
Fernando Pessoa

 
Se fosse por mim faria, talvez, um sacrilégio à língua pátria que tanto amo, mas gostaria, muitas vezes de ser tal como a água... Não ter um ponto final. Ele indica o término do discurso ou de parte dele.

Não gostamos de finais... Amamos inicios, recomeços, continuidade...
Assim as palavras são como uma fonte d´água.  Contínua... Permanente.

Ela, a água, nasce de uma fonte. Esta vem da profundidade, das correntes subterrâneas. Puríssima. Nossas palavras também. Vêm não somente de uma inspiração. Ao contrário elas transpiram da alma.

Em seguida formam uma pequena poça para logo em seguida começarem a escorrer.
De nossa “fonte”, pequenos vocábulos se tornam frases.
Da fonte começa um pequeno córrego. Assim como as palavras. Elas têm vírgulas, reticências... Gosto das reticências elas indicam continuidade...

E lá se vai um pequeno “fio d´água” seguindo... Escorrendo. Contorna pedras, faz curvas...
Iguais nossos pensamentos antes de formarem as palavras para algo ser dito.

Em seguida continua a escorrer tal como quando transpiramos sentimentos...
E continua... De um simples córrego, vai se tornando maior.., Vai formando um rio...

Nós somos assim... Às vezes despencamos ladeira abaixo... A água forma uma cachoeira, uma pequena ou grande queda...

Nós também temos nossas quedas... Às vezes descemos ladeiras e esquecemos nosso “freio”... Não “brecamos”... E caímos...
A água não precisa se levantar... Ela continua... Nós ficamos nos lamentando usando adjetivos, advérbios... Muitas vezes interjeições de raiva ou descontrole emocional...



E lá vai a água formar grandes rios... E continua... Vez por outra para.. Forma lagos ou grandes porções que parecem paradas... Apenas parecem... Por baixo, onde os olhos não veem... Ela continua seu caminho... Passa por grandes florestas... Por cidades... Banha os seres vivos... De todas as espécies... Em suas cachoeiras ainda lança um véu para que o excesso se torne uma névoa... Evapora e toca mais seres vivos ou não.

As pedras no caminho? A água molha... Tanto até criarem limo. Se for muito grande as contorna. Nós não. Temos a tendência de ver como um ponto.
Ora, um ponto é um final. Vai necessitar começar. Ou recomeçar.

Você já notou que quando fala ou escreve faz parecido... Apenas parecido com a água!

De seus sons transformam em letra, estas se transformam em vocábulos (ou palavras se preferir). Vários vocábulos vão formar uma frase (eis nossos córregos ou riachos). Várias frases vão formar uma oração. Aquela que parece um lago.

Por baixo deste nosso “lago”, escorrem mais transpirações de palavras, frases lotadas de sentido e sentimentos... Muitas delas com significância que dão significados para nos tornarmos significantes... E formamos um período para em seguida completarmos um parágrafo.

Mas muitas vezes paramos por ai. Não sabemos continuar. Não só na linguagem escrita ou oralizada... Mas na vida.

Quando nos esforçamos conseguimos chegar a uma somatória final:
 O Texto!

Ufffaaa... Conseguimos! Mas geralmente paramos. A água não.
Ela continua e se torna quase infinita quando alcança o mar e se mistura e se torna única. Gigantesca. Poderosa.

 Se vier os ventos ela se agiganta e se torna mais poderosa ainda. Bate violentamente contra os rochedos e traz vida.

Nosso mar é um texto. Ou uma vida. A diferença é que nos acomodamos na grande maioria das vezes. Conseguimos o que as vírgulas e os pontos nos deixaram e, geralmente, não queremos mais reticências... Elas indicam continuidade. E nos gostamos de comodidade. Nos rotizamos. Automatizamos-vos.
A água não. Ela mesma no mar evapora-se... Sobe às nuvens... Acumula-se... E volta a cair, a trazer vida. E recomeça. Outra vez. Muitas vezes. Infinitamente.

Por isso amo tanto as reticências... Elas indicam a continuidade da vida.

 Com adjetivos maravilhosos que nos aproximam... Com qualidades de uma gramática que impõe a genialidade da comunicação.

Ou como diriam o mestre Nelson Valente: Se transformam em símbolos. Deles criamos signos. E através deles nos identificamos com significados.
 
 

Assim como a água Viva... Esqueça um pouco os pontos. Eles são finais de textos. E não de uma vida.

Viva... Pode doer... Mas também pode sorrir... Pode amar... Pode ter compaixão... Por ser útil... Pode ajudar... Pode fazer outros felizes.

 E destas convivências é que tanto necessitamos. Assim como o Mar da Amizade.
Não deixe que nenhum obstáculo (pedras ou pontos) interrompa seu texto (sua vida).
 

Ela vale a pena ser vivida... E pensar... Não Dói...

 

 
Entendimentos & Compreensões de Vida
Publicado no Caderno de Educação
www.cadernodeeducacao.com.br
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www.pintorefamosos.com.br
 

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