Viver é Seguir!
- A
metáfora da Água –
“... A maioria pensa com a
sensibilidade, eu sinto com o pensamento.Para o homem vulgar, sentir é viver e
pensar é saber viver.Para mim, pensar é viver e sentir não é
mais que o alimento de pensar...!”.
Fernando
Pessoa
Se
fosse por mim faria, talvez, um sacrilégio à língua pátria que tanto amo, mas
gostaria, muitas vezes de ser tal como a água... Não ter um ponto final. Ele indica o término do discurso ou de parte dele.
Não gostamos de finais...
Amamos inicios, recomeços, continuidade...
Assim as palavras são como uma
fonte d´água. Contínua... Permanente.
Ela, a água, nasce de uma
fonte. Esta vem da profundidade, das correntes subterrâneas. Puríssima. Nossas
palavras também. Vêm não somente de uma inspiração. Ao contrário elas
transpiram da alma.
Em seguida formam uma pequena
poça para logo em seguida começarem a escorrer.
De nossa “fonte”, pequenos vocábulos se tornam frases.Da fonte começa um pequeno córrego. Assim como as palavras. Elas têm vírgulas, reticências... Gosto das reticências elas indicam continuidade...
E lá se vai um pequeno “fio d´água” seguindo... Escorrendo.
Contorna pedras, faz curvas...
Iguais nossos pensamentos antes
de formarem as palavras para algo ser dito.
Em seguida continua a escorrer
tal como quando transpiramos sentimentos...
E continua... De um simples córrego,
vai se tornando maior.., Vai formando um rio...
Nós somos assim... Às vezes despencamos ladeira abaixo... A água
forma uma cachoeira, uma pequena ou grande queda...
Nós também temos nossas
quedas... Às vezes descemos ladeiras e esquecemos nosso “freio”... Não “brecamos”...
E caímos...
A água não precisa se
levantar... Ela continua... Nós ficamos nos lamentando usando adjetivos,
advérbios... Muitas vezes interjeições de raiva ou descontrole emocional...
E lá vai a água formar grandes
rios... E continua... Vez por outra para.. Forma lagos ou grandes porções que
parecem paradas... Apenas parecem... Por baixo, onde os olhos não veem... Ela
continua seu caminho... Passa por grandes florestas... Por cidades... Banha os
seres vivos... De todas as espécies... Em suas cachoeiras ainda lança um véu
para que o excesso se torne uma névoa... Evapora e toca mais seres vivos ou
não.
As pedras no caminho? A água
molha... Tanto até criarem limo. Se for muito grande as contorna. Nós não.
Temos a tendência de ver como um ponto.
Ora, um ponto é um final. Vai
necessitar começar. Ou recomeçar.
Você já notou que quando fala
ou escreve faz parecido... Apenas parecido com a água!
De seus sons transformam em
letra, estas se transformam em vocábulos (ou
palavras se preferir). Vários vocábulos vão formar uma frase (eis nossos córregos ou riachos). Várias
frases vão formar uma oração. Aquela que parece um lago.
Por baixo deste nosso “lago”, escorrem mais transpirações de
palavras, frases lotadas de sentido e sentimentos... Muitas delas com
significância que dão significados para nos tornarmos significantes... E
formamos um período para em seguida completarmos um parágrafo.
Mas muitas vezes paramos por
ai. Não sabemos continuar. Não só na linguagem escrita ou oralizada... Mas na
vida.
Quando nos esforçamos
conseguimos chegar a uma somatória final:
O Texto!
Ufffaaa... Conseguimos! Mas
geralmente paramos. A água não.
Ela continua e se torna quase
infinita quando alcança o mar e se mistura e se torna única. Gigantesca.
Poderosa.
Nosso mar é um texto. Ou uma vida.
A diferença é que nos acomodamos na grande maioria das vezes. Conseguimos o que
as vírgulas e os pontos nos deixaram e, geralmente, não queremos mais
reticências... Elas indicam continuidade. E nos gostamos de comodidade. Nos rotizamos.
Automatizamos-vos.
A água não. Ela mesma no mar
evapora-se... Sobe às nuvens... Acumula-se... E volta a cair, a trazer vida. E recomeça.
Outra vez. Muitas vezes. Infinitamente.
Por isso amo tanto as
reticências... Elas indicam a continuidade da vida.
Ou como diriam o mestre Nelson
Valente: Se transformam em símbolos. Deles criamos signos. E através deles nos
identificamos com significados.
Assim como a água Viva... Esqueça um pouco os pontos. Eles são finais de textos. E não de uma vida.
Viva... Pode doer... Mas também
pode sorrir... Pode amar... Pode ter compaixão... Por ser útil... Pode
ajudar... Pode fazer outros felizes.
Ela vale a pena ser vivida... E
pensar... Não Dói...
Entendimentos & Compreensões de Vida
Publicado no
Caderno de Educação
www.cadernodeeducacao.com.br
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